quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Raios!!!

Fico imaginando a origem das coisas.
Qual terá sido a sensação do primeiro ser humano a experimentar o chocolate? Será que teve música dramática ao fundo, como nos filmes? Se não teve, deveria ter tido.
O que levou o cara (ou a mulher) a achar que torrando e socando aqueles grãos poderia resultar no que temos hoje?
E a primeira pessoa a provar um churrasco? Com certeza teve um orgasmo. E olha que deve ter sido ainda sem sal. Com sal, orgasmo múltiplo.
Eu tenho a seguinte teoria:
Numa caverna perto do bosque e de um riacho ainda despoluído, no período cretáceo, vivia um casal pré-histórico e jovem. Certo dia, depois de discutir a relação e se deveriam mesmo dar de presente para a mãe dela um filhote de tiranossaurorex, resolveram esfriar a cabeça com um passeio no campo.  A conversa estava começando a ficar tranquila entre eles, quase pintando um beijo, quando, de repente, uma tempestade terrível se formou no céu negro.
Ventos castigavam as matas, dinossauros atropelando os menos favorecidos. Pterodáctilos procurando teto para pousar. Quase São Paulo! Caos!
De braços dados e correndo como loucos, os dois jovens procuravam um abrigo. Todas as cavernas estavam com lotação esgotada. Na maternidade da história, nasciam os sem teto!
 O límpido e tranquilo riacho se transformou em um gigante amazônico. Os mastodontes mamutes  enlouquecidos teimavam em atravessar, cavando ainda mais o leito do outrora riacho. Nasce assim o rio Amazonas!
Sem outra solução à vista, correm para uma esplanada onde duas árvores, graciosas e cheia de frutos amarelos, insistem em não envergar com a força do vento. Rapidamente procuram a mais próxima para se abrigarem, infelizmente a que escolheram está ocupada por uma gorda e saudável vaquinha malhadinha. Vendo seu espaço sendo invadido, a vaquinha, que não conhece os bons modos e nem o seu lugar na cadeia evolutiva, ruge como um tigre dentes de sabre.
 As coisas estavam ainda muito confusas. Ninguém ainda sabia direito quem era quem. Macaco ou homem? Vaquinha ou tigre dentes de  sabre? Vale tudo ou tem censura?
O casal, tremendo de frio e de medo da vaquinha, corre para a próxima árvore.
De repente, um clarão e uma trovoada fenomenal anunciam o raio que está por vir. E vem.
Atinge em cheio a árvore, que até então abrigava a vaquinha confusa. Mesmo com a chuva, a árvore pega fogo. De longe, dava para ver que a vaquinha sofria.
Dá duas rodopiadas em torno de si mesma e cai dura.
O casal, sinalizando o princípio da bondade humana, que depois desaguaria em Madre Tereza de Calcutá, corre para acudir. Já não resta mais nada a fazer. O corpo chega a soltar uma fumacinha. Consequência do maldito e inevitável raio.
Esta mesma fumacinha, que anuncia a passagem desta pra melhor, entra nas narinas de nossos heróis e produz uma explosão de sensações, nunca antes sentida por nenhum ser humano ou macaco.
Instintivamente, como se soubessem disso desde sempre, começam a tirar nacos e mais nacos da querida vaquinha. Principalmente da parte traseira. Brigam pela parte mais macia. Na confusão, ele a chama de piranha. Ela pega um pedaço da vaquinha e arremessa em sua direção, atingindo-o em cheio no rosto.  Com o sabor da carne na boca e já começando a  ficar satisfeito, diz: "Amada! Eu não disse piranha e sim picanha!"
Nasce assim a dissimulação masculina! E simultâneamente, a picanha maturada!
Comem com  as mãos e sem nenhuma etiqueta, que tem o seu príncípio um pouco mais tarde com Leonardo da Vinci, que, não aguentando mais aquela lambança toda, inventou o guardanapo.
Na mesma época, no restaurante francês (sempre eles!) La Tour D'Argent, os donos enojados com a cena daquele povo todo chupando os dedos, inclusive o Leonardo, inventam o garfo.
Desde então etiquetamos tudo, inclusive pessoas.
Satisfeitos e já com princípio de congestão estomacal, eles decidem que está na hora de sair da chuva. Se ficassem um pouco mais, teriam inventado de uma só vez também a sopa de carne.
Começam a caminhar, correr não aguentam, quando um outro raio gigantesco atinge a outra árvore. Desesperados ficam no meio do caminho sem saber para onde ir.
O único mastodonte mamute, que conseguiu se salvar do Amazonas baby, corre desembestado em direção à arvore. Com o seu peso monumental começa a pisotear enlouquecidamente o chão quente, triturando os frutos. Tudo virá um lama só! Cansado e exausto, caminha para uma caverna, quando é atingido por um outro maldito raio.
Os humanos e os macacos, somente eles, correm e o comem vorazmente, a carne ainda trêmula e mal passada do mastodonte mamute. Chupam os ossos, dando início assim ao plágio e ao churrasco rodízio.
O casal desnorteado, achando que não sobreviveria, cai exaustos e resignado no chão de lama.
O homem pede à mulher, como último gesto de amor, um beijo.
Ela com lágrimas nos olhos, arremeda um ruído que ele define como um sim. A chuva para. O tempo para.
Os dois se aproximam, unem seus lábios; primeiro lentamente e depois como se um quisessem engolir o outro.
Rolam no chão, rindo e colocando a lama na boca desesperadamente. Um chupando os dedos do outro. Êxtase!!!
A cena é bastante excitante. Nasce, assim, o filme pornô e a sobremesa!
Os humanos nas cavernas tiram os filhos da frente, iniciando assim o "proibido para menores".
A chuva cessa. O casal se recompõe, um ajeitando o outro e lentamente caminham em direção ao sol que começa a ganhar a luta contra as pesadas nuvens. Deitam na relva ainda úmida e com o olhar, sem precisar de palavras, dizem: "Ufa! O dia hoje rendeu!"
E isto tudo porque ainda não tinham descoberto o açúcar e o sal.

Aí já é outra história.....................um dia eu conto pra vocês.

Carpe Diem!

Dino Rosa - Cozinheiro

  

Um comentário:

  1. Olá Dino!! Uma colega do meu trabalho falou muito bem de vc e te elogiou muito. Ela disse que participou de alguns cursos ministrados por vc e gostou muito. Como estou diante de um especialista na arte culinária, gostaria de contar com sua participação através de idéias, comentários, receitas e dicas, pois meu blog (www.descobrindoaculinaria.com.br) não está limitado somente a postagens de minha autoria. Portanto, se não for pedir muito, gostaria de publicar uma receita sua e é claro que vou dar os créditos a vc e divulgar seu blog tb. abraços e até mais.

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